domingo, 4 de outubro de 2015

Em Debate Envelhecimento Ativo e Digno


O "III Congresso Municipal sobre Envelhecimento Ativo - Cidade Amiga do Idoso: São Paulo" demonstrou como o público da terceira idade está se mobilizando em busca de melhor qualidade de vida. Cerca de 1.100 pessoas estiveram, sábado passado, no evento realizado no salão nobre da Câmara Municipal da capital.


 Câmara Municipal, Salão Nobre

O evento aconteceu por iniciativa do vereador Gilberto Natalini (PV). Na abertura, ele lembrou que "já somos 1 milhão e 500 mil idosos na cidade de São Paulo, estima-se que em 2050 esse número irá triplicar e ultrapassar o número de crianças. O envelhecimento não pode ser visto como um problema social e sim como uma conquista, por isso precisamos trabalhar para que as pessoas envelheçam com futuro. Precisamos avançar muito nas políticas públicas voltadas aos idosos, o poder público não está acompanhando o crescimento desse segmento da população." http://envelhecimentoativo.com/

Vereador Gilberto Natalini (PV)

Vida Digna
A palestra magna sobre "Envelhecimento ativo: quem financia?" foi proferida pelo economista e jornalista Jorge Felix. Citando o relatório da OMS (Organização Mundial da Saúde) divulgado em 01 de outubro passado, Dia do Idoso, ele sugeriu acrescentar o termo "digno" ao processo de envelhecimento acelerado da população.

Ele disse que, há 13 anos, a OMS difundiu o envelhecimento ativo e, ao longo desse tempo, houve uma deturpação do conceito. Com a palavra "ativo", entende-se que é obrigação do indivíduo se manter produtivo para ter um envelhecimento bem sucedido. Ou seja, a pessoa deve financiar suas necessidades na velhice, sempre com mais tempo no mercado, independente dos anos que já trabalhou, a despeito de condições desiguais e das diferenças individuais. O conceito também é excludente com aqueles que apresentam incapacidade, às vezes prematura, e com os mais idosos. Compreendendo o envelhecimento também como "digno" é dado, ao indivíduo, o direito de optar por avaliar se sua base produtiva já foi suficiente à sociedade, portanto, ele tem o direito de escolha: aposentar-se ou continuar trabalhando. Ressalta-se que a velhice é heterogenia.

Economista e jornalista Jorge Felix

O economista disse que a qualidade de vida vincula-se ao tripé: saúde, educação e trabalho. No Brasil, a grande maioria conta apenas com o SUS (Sistema Único de Saúde) e os investimentos públicos na área são irrisórios. O trabalho do indivíduo com mais idade é desprestigiado na empresa, sua saída é involuntária, poucos empregam os mais velhos e, paulatinamente, assistimos o desmonte do sistema de seguridade social. Também é preciso se preocupar com a educação continuada.

Citando o movimento migratório, acentuado dos últimos tempos, Jorge frisou que a economia está globalizada, portanto, um envelhecimento de qualidade no Brasil depende de todo o planeta. Concluindo, disse que é preciso cautela para o envelhecimento não ser mais um fator de desigualdade.

Financiamentos
Ainda abordando o tema financiamento, o consultor de políticas públicas, Fábio Ribas Jr, expôs o conteúdo do guia “Conhecer para Transformar”, elaborado pela empresa em que é diretor, a Prattein, com a colaboração da InterAge (Consultoria em Gerontologia). Essa publicação dá orientações aos Conselhos Municipais, visando a garantia dos direitos previstos no Estatuto do Idoso.

Fabio Ribas Jr., diretor da Prattein

O Guia é dividido em cinco etapas:
1) Avaliação do conselho e formação da comissão municipal de diagnóstico e planejamento,
2) Levantamento e análise de dados e informações sobre as características básicas do município e de sua população idosa,
3) Mapeamento e análise do Sistema de Garantia de Direitos e dos problemas e violações que atingem a população idosa no município,
4) Formulação de propostas de ação para o fortalecimento do Sistema de Garantia de Direitos da pessoa idosa no município, 
5) Inclusão de programas de trabalho no orçamento municipal.
Mesa dos Idosos

Rubens Casado

Além dessas palestras, lideranças de entidades e comunidades que, diariamente, atuam na promoção da qualidade do envelhecimento ocuparam a mesa, do Salão Nobre da Câmara Municipal, para prestarem seus depoimentos. O presidente do Grande Conselho do Idoso, Rubens Casado, foi o moderador.

Estiveram presentes: a jornalista Irene Cruz Annes da Silva, (ex Presidente do Conselho Municipal do Idoso), Neide Garcia Sagioro (Pastoral da Pessoa Idosa), Janete Azevedo do Nascimento (Líder Comunitária do Jd  Aracati), Terezinha Oliveira (Polo Cultural do Cambuci) e o casal Aglaé e Paulo que frequenta o Projeto Maturidade da Oficina dos Menestréis que funciona no Teatro Dias Gomes (Vila Mariana). 

Segmentos

Prosseguido, representantes de diferentes segmentos sociais expuseram trabalhos realizados, mesa que contou com a moderação de Marilia Berzins, doutora em saúde pública e presidente da empresa OLHE (Observatório da Longevidade Humana e Envelhecimento).

A professora universitária Áurea Eleotério Soares Barroso expôs a experiência da Pastoral da Pessoa Idosa, vinculada à CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), salientando que esse organismo social é ecumênico, portanto, atende pessoas mais velhas de quaisquer religiões, contando com doações. Tem 25 mil membros, sendo que 19 mil prestam atendimentos domiciliares. Ela reafirmou o que foi dito por outros palestrantes: os idosos são um grupo hetereogênio, cada indivíduo envelhece ao seu modo, por isso, é complexo o atendimento a esse segmento social.

Uma detalhada retrospectiva das políticas nacionais do idoso foi apresentada por Adriana Zorub Fonte Feal, diretora da Comissão dos Direitos dos Advogados Idosos da OAB São Paulo. Ela acompanha a rotina dos Fundos do Idoso (nacional, estadual e municipal). Entre outras ponderações, destacou dois aspectos: a insuficiência no número de profissionais especializados na saúde dos idosos e a necessidade de financiamentos públicos para atender essa população. Atualmente, 94% das casas de repouso para idosos são filantrópicas. Finalizando, sintetizou: leis, estudos e pesquisas existem, é preciso sair do discurso para a prática.

Fernando Lopes, gerente de marketing da Danone, contou que a empresa dispõe de um setor voltado ao desenvolvimento de produtos nutricionais para a terceira idade. Parte dos lucros das vendas é revertida ao programa "Cuidar é Viver", que forma cuidadores de idosos.

O III Congresso de Envelhecimento Ativo prosseguiu até ao anoitecer. Contou ainda com a apresentação de "cases" premiados que participaram de concurso realizado antes desse evento. 

quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Longevidade como Oportunidade


PUC: Campus Consolação

Estivemos, ontem, na abertura da XV Semana de Gerontologia e do II Simpósio Internacional de Gerontologia Social, realizados na PUCSP, Campus Consolação, na Rua Marquês de Paranaguá. Com o tema geral "Longevidade Como Oportunidade: Práxis Contemporâneas", esse evento termina amanhã (02), conta com palestras e debates de estudiosos do Brasil e do exterior.

Na abertura, o processo de mudança da organização social, decorrente do envelhecimento populacional, foi destaque. Entre outros aspectos, salientou-se que as pessoas com mais idade estão permanecendo na ativa e continuam consumidoras, motivando a criação de produtos e áreas profissionais.

Se de um lado o envelhecer é um desafio, pois existem riscos como a dependência e a solidão, de outro é a potencialidade do longeviver, que inclui o se atualizar, se rever e aprender. Por ser um fato da atualidade, motiva indagações. O envelhecer é uma oportunidade de que? Para que? Para quem? Temos mais tempo de vida e o que fazer com esse tempo? O que a sociedade vai oferecer? Como ter pleno longeviver? Estudar esses aspectos será o legado que deixaremos à próxima geração.

Mas, afinal, o que é envelhecer? Para ilustrar, duas histórias bastante conhecidas foram lembradas. A primeira conta que uma criança, ao ouvir pela primeira vez a palavra "velhice", perguntou à avó: "O que é velhice?" Antes de responder, na fração de segundo, ela fez uma viagem ao passado. Recordou os momentos de luta, dificuldades e decepções. "Sentiu" a idade, lembrou-se de suas rugas e disse: “Olhe para meu rosto. Isso é a velhice". E a reação do menino foi surpreendente, sorrindo, afirmou: “Vovó, como a velhice é bonita!"

A outra história intitula-se "50 Anos de Cortesia". No dia em que completava bodas de ouro, um casal tomava café da manhã. A mulher passou manteiga na casca do pão e deu ao marido. Pensou: "sempre quis comer o que mais gosto do pão: o miolo. Como amo o meu marido e ele gosta disso, durante esses 50 anos, sempre lhe dei o miolo. Hoje vou satisfazer o meu desejo". Quando o marido recebeu a casca do pão com manteiga, o rosto dele se abriu num enorme sorriso e, então, lhe disse: "Muito obrigado por este presente, meu amor. Durante 50 anos, sempre quis comer a casca do pão, mas como você gostava tanto dela, eu jamais ousei pedir!"

Beltrina Corte, coordenadora do programa de estudos Pós-Graduação em Gerontologia da PUCSP

O evento foi organizado pelo Programa de Estudos Pós-Graduação em Gerontologia, com apoio da Faculdade de Ciências Humanas e da Saúde, da Pró-Reitoria de Pós-Graduação e da Reitoria da PUCSP e SESC. Aos professores da PUC, obrigado por nos receber - eu e meu parceiro Rafael - como convidados.

Financiamento: FAPESP e Portal do Envelhecimento. 

Parabéns aos Idosos


Hoje é Dia do Idoso! Parabéns a todos com mais de 60. Sei que foram muitos os momentos de lutas e decepções, mas também tivemos muitas vitórias e conquistas, a maior de todas é estar aqui, nesta data.

Eu me lembro quando descobri que estava envelhecendo. Tinha 50 e tantos anos e estava com minha filha num shopping. Passávamos em frente da vitrine da Cori e comentei: "parece que a Cori mudou o foco. Faz tempo que eu compro nessa loja e, agora, estou achando algumas de suas roupas joviais. Não me identifico." Com muita naturalidade, minha filha respondeu: "mãe, não é a Cori que mudou de foco, é você que mudou de idade". Era isso! A gente não sente o tempo passando. Lógico! É tão natural.  

Em comemoração à data, em São Paulo, pipocam eventos para a terceira idade, durante todo o mês de outubro. Hoje, pretendo conferir as opções do evento Virada da Maturidade. http://www.viradadamaturidade.com.br/

domingo, 27 de setembro de 2015

Eventos Celebram o Dia do Idoso

Caminhada no Parque do Ibirapuera

São Paulo celebrará o Dia Internacional do Idoso com a Virada da Maturidade, que será realizada de quinta-feira (01) a domingo (04). Constam da programação: palestras e oficinas, teatro, exposições, aulas de dança e de artesanato, alongamento e caminhada, entre outras atividades. Confira: http://www.viradadamaturidade.com.br/

A data é mundialmente festejada em 01 de outubro e foi instituída em 1991 pela (ONU) Organização das Nações Unidas, com o objetivo de sensibilizar a sociedade para as questões do envelhecimento e do respeito aos mais velhos.

No Brasil, a data era comemorada em 27 de setembro. Em 2006, foi transferida para 01 de outubro, dia em que foi aprovado o Estatuto do Idoso, em 2003 (lei 10.741). Vale lembrar que a terceira idade insere-se na legislação brasileira desde 1994, quando foi criado o Conselho Nacional do Idoso (lei 8.842).

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Envelhecimento no século XXI e nossos desafios

Estive no 10º Seminário da Terceira Idade, promovido pela Federação Israelita do Estado de São Paulo (Fisesp) e realizado na instituição beneficente Ten Yad, no Bom Retino, na segunda-feira passada (31/8). O tema geral foi "Envelhecimento no século XXI e nossos desafios".

Cerca de 200 pessoas se inscreveram nesse evento, realizado com o propósito de atualizar, capacitar e reciclar profissionais e voluntários, para a contínua melhoria dos serviços oferecidos aos idosos, informou a assessora executiva da Fisesp, Sueli Schreier. 

Os palestrantes confirmaram a fase de transição em que vivemos, com a inversão da pirâmide etária brasileira, fato que já ocorreu nos países desenvolvidos e agora é vivenciado na América Latina. Com a longevidade, é fundamental o sexagenário planejar o futuro, pois a tendência é viver três ou mais décadas além do previsto quando de seu nascimento. Por outro lado, para manter qualidade de vida, não basta cuidar da saúde do organismo, também é primordial lutar por políticas públicas para melhorar as condições socioeconômicas daqueles com mais de 60 anos.

Nas últimas décadas, proporcionalmente, a população brasileira de idosos cresceu mais do que a população do país. Veja os gráficos:
http://douranews.com.br/brasil/item/44824-em-50-anos-percentual-de-idosos-mais-que-dobrou-no-brasil

POLÍTICAS PÚBLICAS
Na abertura do seminário, o vereador Gilberto Natalini (PV) destacou a importância dos debates, como os promovidos pela Fisesp, para a criação de políticas públicas para o bem estar do idoso. Divulgou que estão abertas as inscrições para o 3º Congresso Municipal sobre Envelhecimento Ativo, que será promovido na Câmara de São Paulo, no próximo dia 03 de outubro. Natalini foi um dos organizadores do evento, pois é membro da Comissão do Idoso daquela instituição. Inscrições: http://envelhecimentoativo.com/

RESPEITO
O presidente executivo da Fisesp, Ricardo Berkiensztat, destacou o respeito aos velhos. Citou que se fala muito em QI (Quociente de Inteligência) e QE (Quociente Emocional), mas não se pode esquecer a importância do QEx (Quociente Experimental), pois o idoso tem toda a sabedoria que adquiriu em vida e essa é mais eficaz do que a teórica. O respeito ao idoso insere-se nas tradições judaicas. Assim, a Fisesp prestou homenagens a dois alunos de cem anos da Universidade Aberta da Terceira Idade da PUCSP: Eugênia Fischer e Jaime Kuperman.

Rabino David Weitman, vereador Gilberto Natalini, Ricardo Berkiensztat (presidente executivo da Fisesp), Carmem Nahaissi (voluntária) e homenageados: Eugênia Fischer e Jaime Kuperman

Muito simpática, Eugênia enfatizou que a convivência com colegas e professores retarda o envelhecer. E afirmou: "até hoje, quando falam em idoso, eu não penso que é comigo". Jaime, citando o Antigo Testamento, disse que Moises viveu 120 anos e é essa a idade que ele deseja para todos. Depois, leu o texto: "Para todos que nasceram antes de 1945", já conhecido via internet. 
https://avelhiceehumamerda.wordpress.com/

GRATIDÃO
Em seu pronunciamento, o rabino David Weitman salientou a importância da gratidão, sentimento que também integra as tradições judaicas.  Citou que, como as sementes que se transformam em árvores, foram os idosos que criaram as condições para as realizações que agora são vivenciadas. Por isso, tudo que é feito para a terceira idade ainda é pouco, é preciso ensinar aos filhos e aos netos a importância do respeito e da gratidão aos mais velhos.

DESAFIOS
Maria Lúcia Lebrão, médica, mestra e doutora em saúde pública, quando se apresentou, contou: observando a legislação brasileira, ao completar 70 anos de trabalho na Faculdade de Saúde Pública da USP, lhe falaram "até logo". Para não parar, pois tem plena condição para prosseguir sua vida acadêmica, ela é professora titular sênior naquela instituição - trabalha sem remuneração!

Sobre o mercado de trabalho para o idoso, nessa fase de transição, acrescento que a idade é fator de preconceito no setor privado, com exceção de pessoas em posição de poder de mando. Quando estão se aproximando dos 60 anos, profissionais gabaritados, com uma bagagem de mais de 40 anos, enfrentam o preconceito de seus colegas mais jovens. São marginalizados, "esquecidos" e dispensados. Por outro lado, quando se aposentam e deixam de trabalhar, também enfrentam o preconceito da sociedade que questiona: "por que parou se ainda tem saúde?" Vale ressaltar que, mesmo tendo disposição e vontade, o reingresso no mercado é praticamente impossível, pois no país persiste o problema cultural de não se contratar sexagenários.

Maria Lúcia Lebrão

Durante mais de uma hora de palestra, Maria Lúcia conquistou a atenção do público. Entre outros temas, expôs dados da pesquisa SABE (Saúde, Bem Estar e Envelhecimento), que ela coordena na Faculdade de Saúde Público. É um estudo longitudinal de múltiplas coortes (subdivisões) sobre as condições de vida e saúde dos idosos de São Paulo. Considera-se que com o avanço da idade, geralmente, ocorrem comprometimentos cognitivos e funcionais. Por isso, muitos idosos não têm medo de morrer, mas têm medo de ficar incapaz de realizar os cuidados pessoais rotineiros. Outro segmento analisado, nesse estudo, refere-se aos filhos idosos que têm papel de cuidadores de seus pais, situação decorrente da longevidade registrada nas últimas décadas. 

PERFIS DE SAÚDE DAS PESSOAS IDOSAS
=> Saudáveis
=> Necessitando de cuidados agudos
=> Com condições crônicas
=> Com condições crônicas complexas
=> No fim da vida
=> Com necessidades especiais 
=> Com papel de cuidadoras

Entre outros assuntos, Maria Lúcia também destacou que a mulher vive mais do que o homem, portanto, é preciso promover ações específicas para atendê-las. Na sociedade, geralmente, os homens idosos são mais amparados. Os viúvos têm facilidade para se casar novamente e, ainda, é uma tendência da família acolhê-lo. Já a mulher está mais predisposta a morar sozinha e se cuidar. E, neste caso, "qualquer pouco som pode dar tudo errado", basta uma gripe ou uma queda para desestruturar a rotina. São fatores como esses que se enquadram na chamada síndrome da fragilidade (semi-dependência). Outro desafio é a dificuldade econômica.

ASPECTOS BIOPSICOSSOCIAIS

Jequitibá Rosa

A imagem do famoso jequitibá rosa, de Santa Rita do Passa Quadro (SP), com mais de três mil anos, ilustrou o início da palestra sobre aspectos biopsicossociais na longevidade, proferida pelo médico Wilson Jacob Filho, diretor do serviço de geriatria do Hospital das Clínicas e professor titular dessa disciplina na FMUSP.

Para a longevidade, atuam três fatores: genético, comportamental e ambiental. A genética determina uma predisposição, mas observando aspectos comportamentais e ambientais adequados é possível promover envelhecimento saudável. Com esse propósito, o Serviço de Geriatria do Hospital das Clínicas oferece, gratuitamente, curso para o desenvolvimento das capacidades físicas, mentais e sociais dos indivíduos. As inscrições estão abertas e para participar basta ser adulto com independência para a locomoção. Inscrições: www.gerosaude.com.br

Wilson Jacob Filho
No evento no Ten Yad, novamente, o tema preconceito esteve em pauta. O médico ressaltou que o termo "idoso" ainda é pejorativo, denota "coisa" velha (acabada), mesmo existindo muitos sexagenários com jovialidade. Isso só vai mudar quando a sociedade valorizar a biografia, a experiência do indivíduo.

Como Maria Lúcia, o médico também salientou que não existe um padrão de velhice, a terceira idade é heterogenia. O principal fator para manter o corpo funcional é um programa de atividade física - é extremamente prejudicial o desuso da musculatura. E, sobre o cuidado com idoso, Wilson salientou que paciência e carinho não bastam, é fundamental ter conhecimentos específicos.

Wilson citou pesquisa, realizada nos EUA, para eleger os melhores lugares do mundo para envelhecer (observe: não é para migrar para esses países depois de velho). Foram considerados, basicamente, quatro itens: (1) segurança econômica (incluindo política previdenciária), (2) atendimento à saúde/expectativa de vida, (3) nível de instrução, capacitação e empregabilidade do idoso e (4) situação da sociedade - vida social, segurança física, liberdade cívica e acesso ao transporte público. Despontaram: Suécia, Noruega, Suíça, Canadá e Alemanha.  O Brasil ficou em 31º lugar. Mais informações: http://www.helpage.org/global-agewatch/population-ageing-data/country-ageing-data/?country=0

Concluindo, o médico catedrático salientou que para um envelhecimento com bom nível de qualidade é inexorável ter um planejamento socioeconômico. Finalizou com a frase de Arnaldo Antunes: "A coisa mais moderna que existe nessa vida é envelhecer".   

PLANOS E EXPERIÊNCIAS
O seminário prosseguiu após o almoço. Foi apresentado o "Plano de Diretrizes do Envelhecimento da Comunidade Judaica", realizado com a parceria da Fisesp. Esse estudo foi desenvolvido pela Angatu, consultoria que atende empresas e organizações que oferecem produtos e serviços para a terceira idade. 

Essa apresentação foi feita pela sócia-diretora de negócios, Denise Mazzaferro, mestra em gerontologia pela PUCSP. Ela discorreu sobre os diferentes tipos de residências que acolhem idosos que não têm condições de morar sozinhos ou com familiares. Um dos exemplos citados foi o moderno Lar Recanto Feliz vinculado à Sociedade Beneficente Alemã. http://larrecantofeliz.com.br/

Lar Recanto Feliz
Finalizando o seminário, foram realizadas palestras sobre experiências inovadoras de entidades assistenciais. Entre os temas, o "Envelhecimento das Pessoas com Deficiência Mental", detalhado pela presidente do Grupo Chaverim, Ester Tarandach.  http://www.grupochaverim.org.br/
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Fotos: reproduções
Lar Recanto Feliz: http://larrecantofeliz.com.br/

segunda-feira, 31 de agosto de 2015

São Paulo: Cidade Amiga do idoso

Estão abertas as inscrições para o 3º Congresso Municipal sobre Envelhecimento Ativo, que acontecerá no dia 03 de outubro, no salão nobre da Câmara Municipal de São Paulo (Viaduto Jacareí, 100).

Com o propósito de desenvolver ações para uma cidade amiga dos idosos, o tema em pauta é "Envelhecimento ativo: quem financia?" Já fiz minha inscrição. 

Verifique a programação: http://envelhecimentoativo.com/

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Programa Viver Mais


Ontem foi a última terça-feira do mês, dia de cinema e debate no Itaú Viver Mais, programa destinado às pessoas com 55 anos ou mais e aposentados. 

Fui ao cinema do Shopping Frei Caneca, em São Paulo. Em cartaz, a comédia francesa "Que mal eu fiz a Deus?", dirigida por Phillippe de Chauveron. Conta a história de um casal de classe social privilegiada, conservador e católico. Suas quatro filhas se casam com homens de diferentes nacionalidades e religiões. Com bom-humor e sutileza, coloca em pauta questões como o racismo e a xenofobia. No final, prevalece a interação de pais, filhos e netos. Em seguida, o debate foi coordenado por Luciana Mussi, engenheira, psicóloga e mestre em gerontologia pela PUC-SP. A participação do público foi significativa, muitos se pronunciaram não apenas contra os preconceitos sociais, raciais e religiosas, mas também contra as intolerâncias rotineiras. 

Ainda não foi divulgado o filme da última terça-feira de setembro. Dá tempo para você se inscrever no Itaú Viver Mais e garantir sua presença no próximo evento. Além de São Paulo, o programa é realizado nas cidades de Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Niterói, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Salvador, São Gonçalo e Taboão da Serra. 
Mais informações e inscrições podem ser obtidas no telefone (11) 4004.1937 ou https://www.itau.com.br/vivermais/

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Sarau Promove Interação e Convívio Pessoal

Ilustração: Ricardo Simone/Sesc

Na próxima sexta-feira (28/8), das 17h às 19h, acontece uma programação badalada no Restaurante I do Sesc Carmo (Rua do Carmo, 147), no centro de São Paulo. Trata-se do Sarau Dançante, animado pela banda Alma Brasileira e por Valeriah Soares. 

Esse evento integra a agenda do Sesc recomendada à terceira idade, tem por objetivo promover a interação e a convivência pessoal.

Com um repertório de ritmos tradicionais, como maxixe, chorinho e bolero, a banda resgata a sonoridade da gafieira das décadas de 1940/50, relembrando os bailes da época. 

Para pessoas com mais de 60 anos, os ingressos custam R$ 8,50, os demais custam R$ 5,00 (comerciários) e R$ 17,00 (inteira). 

Mais informações: www.sescsp.org.br/carmo

É Moderno Envelhecer


Ono Sensei (90 anos) mestre de defesa pessoal

Assisti, ontem, ao filme (bluray) "Envelhecência", no CCBB, em São Paulo. Recomendo! O documentário, dirigido por Gabriel Martinez e lançado neste ano, sugere uma nova maneira de entender e vivenciar a terceira idade.

Conta as histórias de vida de seis pessoas: Judith Caggiano - fez a primeira de suas dezenas de tatuagens aos 72 anos -, Edmea Correa - surfou pela primeira vez aos 58 -, Oswaldo Silveira - prepara-se para a sua 12ª maratona aos 84 -, Luiz Schirmer - paraquedista aos 76 -, Edson Gambuggi - formou-se em medicina aos 82 - e Ono Sensei - mestre de aikido aos 90.

Oswaldo: maratonista aos 84 anos

Apresenta depoimentos de três "experts" no assunto. Logo no início, o médico Alexandre kalache cita que a maior transformação do século XXI é se preparar para a longevidade. Também opinam a antropóloga Mirian Goldenberg e o filósofo e professor universitário Mário Sergio Cortella.  
 Making of: surfista Edmea

Ao som da música "Envelhecer", de Arnaldo Antunes, fica a mensagem: "A coisa mais moderna que existe nessa vida é envelhecer".

O filme foi realizado através do Programa de Ação Cultural da Secretaria da Cultura do Governo do Estado de São Paulo, com o patrocínio de Plenitud®, marca da empresa Kimberly-Clark.

No próximo fim de semana serão as duas últimas exibições, no CCBB. E esse programa pode ser incrementado, pois no mesmo prédio acontece exposição das obras de Kandinsky, precursor do abstracionismo. A entrada é franca.

"No Branco", 1920, óleo sobre tela, Kandinsky

Serviço:
Sábado (29) e domingo (30), às 13 horas.
CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil) - Rua Álvares Penteado, 112, centro - São Paulo

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Estilo de Vida Para Prevenir Demência

Cinco atitudes que previnem a demência senil.
1. Atividade intelectual - Ler é muito bom para a saúde do cérebro e é um habito fácil de adquirir. Outras atividades indicadas são: estudar instrumento musical, língua ou canto. Jogos que envolvem estratégias, como buraco e truco, também são recomendados.

2. Atividades físicas - Caminhar é uma das opções mais escolhidas. Basta caminhar acelerado três vezes por semana, durante 30 minutos. Se o seu ritmo é moderado, caminhe quatro ou cinco vezes por semana, durante 40 minutos.   

3. Evite a obesidade. Mantenha o peso, observando dietas saudáveis e exercitando o corpo.

4. Tenha alto astral, encare a vida com otimismo. Quando o caso é depressão, é necessário rigoroso tratamento médico.

5. Não fumar - nem é preciso explicar.

Essas medidas são preventivas, portanto, quanto mais cedo forem observadas, melhores serão os resultados.


São recomendações do neurologista Paulo Bertolucci, em entrevista à jornalista Lina Menezes, no "Faz Muito Bem 50+", programa que vai ao ar na TV Câmara São Paulo. 

terça-feira, 18 de agosto de 2015

Esclarecimento


Prezados Amigos,
Hoje me perguntaram sobre o FB do blog Sobrancelhas Brancas.
Esclareço: há algumas semanas, deixei de ter esse acesso. Quando fui criar uma página para o blog no FB, ocorreu um erro e deixei de ter acesso também a essa página.
Por meio do link "Ajuda", dessa rede social, tentei saber o que ocorreu, mas não obtive retorno.
Assim, estou inserindo as postagens do blog Sobrancelhas Brancas em meu FB pessoal. 
Por favor, continuem seguindo. Participem! Obrigada. 

terça-feira, 11 de agosto de 2015

Alto Astral Faz a Diferença

Projeto Conviver reúne a terceira idade

A congregação católica Paulinas incrementou, neste segundo semestre, o Projeto Conviver que, destinado à terceira idade, realiza eventos diversificados e gratuitos em suas lojas. Uma das programações mais completas acontece na livraria da Vila Mariana (Rua Domingos de Morais, 678), em São Paulo, onde, nos dias úteis, há palestras, oficinas de trabalhos manuais, espirituais e ludoterapia, entre outras atividades.

Na semana passada, fui à palestra proferida pela baiana Ceiça Schettini, residente em Alphaville (Barueri, na Grande São Paulo). Formada em administração de empresas (PUC/Salvador - BA), ela é autora de "Energia e Bom Humor" e é blogueira de "mariaeletrica".

Ceiça Schettini

Ceiça falou sobre alto astral. Disse que a felicidade é uma escolha. Se a pessoa escolher ser feliz, sua postura muda, ela buscará realizar suas aspirações.  A alegria é contagiante, portanto, nada melhor do que distribuir sorrisos ao invés de se lamuriar. Reclamações afastam as pessoas. Não dá para mudar o próprio corpo, mas podemos mudar a forma como o enxergamos. É preciso ser tolerante consigo e com os outros, ser também resiliente, ou seja, resistir à pressão de situações adversas. O olhar positivo para o mundo é uma defesa contra a depressão.


Ceiça também disse que não há razão para se queixar de solidão. Atualmente, temos um "sem número" de maneiras para a comunicação em tempo real. Mas nunca podemos nos esquecer: o contato pessoal é essencial. Abrace. O abraço não tem preço e transmite muita energia positiva. Então, distribua abraços, criando uma corrente de esperança.

Tempo Disponível



Diante dessa injeção de ânimo, uma questão me surpreendeu. Dizendo não gostar de "rotular coisas e pessoas", Ceiça questionou: "A terceira idade existe? O que é a terceira idade?" Questionamentos como esses acentuam a percepção negativa da velhice, como se nessa etapa da vida as pessoas deixassem de ter direitos, tivessem de se acomodar. 

A terceira idade existe, sim. Segundo a ONU, é a fase da vida que se inicia aos 60 anos ou aos 65 anos, respectivamente, nos países em desenvolvimento e nos desenvolvidos.  Nessa etapa, ocorrem mudanças físicas no organismo do indivíduo, que modificam seus comportamentos e sentimentos, suas percepções, ações e reações. Para a geriatria, sob o ponto de vista biológico, aos 77 anos, a terceira idade termina dando início a quarta idade (78 a 105 anos).

Como todas as fases da vida, a terceira idade tem vários aspectos positivos e o idoso deve aproveitar da melhor forma possível os benefícios dessa etapa. Deve usar seu tempo - agora mais disponível - para atividades prazerosas, seja ler, assistir a um filme, estudar música, inglês ou filosofia, ir à hidro ou a aula de alongamento, cultivar um vaso ou uma horta, curtir o Facebook... Enfim, são várias as opções! Inclusive, as disponíveis nas livrarias Paulinas  (http://www.paulinas.org.br/portal/ no final da página, no menu em vermelho, click em "livrarias paulinas").